terça-feira, 12 de maio de 2020

O nome e o apelido



Eu tenho um interlocutor cujo amor pela palavra e a intimidade com que tece em renda perfeita seus escritos nos aproximou. Devo este acontecimento aos cabos invisíveis da atualidade que junta todo mundo numa mesma bolha também ficando difícil até separar o joio do trigo. Mas, convenhamos, com o nome próprio que ele porta não ficou complicado constatar que um “Filho do Campeão” só poderia dar saltos de afinidade, generosidade e empatia. Esta última, aliás, acontece através de apenas um olhar ou, não tão amiúde, quando se tem uma base de educação das antigas ou ainda, como é o caso, o gosto por escrever.

Eu me dirijo a ele pelo nome próprio que no significado geral dos dicionários também se denomina “Filho da Nuvem” o que achei de certa maneira uma alcunha mais que perfeita para denominar este personagem que apenas conheço pelas páginas trocadas e pela voz. Lembro que ao alternarmos textos paira sobre nós nuvens de duvidas, interrogação sobre um tema ou outro, troca de significados e por fim  autorização para o fim do debate, sempre profícuo.

Pois ora veja, em uma conversa rápida trocando informações nem tão importantes sobre a vida que passa o Filho do Campeão (ou da Nuvem) resolve que devo mudar o modo de tratamento, eliminando o nome próprio e utilizando o apelido, gracioso, é verdade, porém, de algum modo desvirtuando o real significado do seu belo nome que tem a historia na origem. Fiquei honrada com a oferta, mas também relutante porque talvez houvesse uma quebra na pompa e circunstância dos primeiros parágrafos que se esvairiam como pó de ouro no ar.

Então comecei a imaginar se de ora em diante as conversas se adequassem ao “modo” apelido, de ambas as partes, porque a quebra do protocolo deve ser igualitária e por este motivo lhe revelaria o meu. De criança, e que não é nada sonoro, diga-se. Pensei muito no assunto e por todos os inícios de conversa que projetei na mente não havia jeito de enredar algo que combinasse com os apelidos. Ambos gostamos de palavras mais eruditas, mais inusitadas e que o ser comum de hoje não faz a menor ideia de onde elas vêm. Esta é a graça.  Nossas letras que ora andam separadas ora achamos por bem misturar não terão uma bela combinação na assinatura. Sinto muito “Filho do Campeão”. Pedido negado.

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