Eu já havia decidido bem no
fundo da minha alma - provavelmente sem ter completa consciência - que este ano
seria diferente para mim, havia um impulso forte para mudar mesmo não sabendo
ao certo do que eu precisava e muito menos ter conhecimento do necessário a
fazer e o que a intuição me apontava. A partir da vida que andou nos últimos
tempos os estalos foram acontecendo um após o outro até eu não ter mais ouvidos
para ouvir. O silêncio que é o meu mestre acabou sendo atacado vilmente
quebrando as minhas barreiras naturais. O barulho me foi apresentado como um aviso.
Dirigi-me voluntariamente a
um grande vazio e com os ouvidos no vácuo tive condições de observar com
cuidado o que a Vida andava querendo me mostrar e que até este momento exato eu
não conseguia perceber e muito menos organizar. Pensei nela como quando se faz
uma mudança de casa colocando os objetos em caixas separadas, embaladas
adequadamente e devidamente etiquetadas para que tenhamos o norte do conteúdo.
É fácil, muito fácil esquecer um ou outro objeto no momento em que eles saem da
nossa vista e estes nos surpreenderão em menor ou maior grau ao serem
redescobertos.
Foi assim que este momento
se apresentou para mim. Vazio de tudo. Alegrei-me e agradeci por ter conseguido
zerar a minha mente e colocar em modo de espera minhas decisões de ora em
diante.
Ao me debruçar sobre a
premência de estabelecer diretrizes que me protejam mais no dia a dia me vi
tomada por uma preguiça gigante e uma vontade de deixar estar. A inércia veio
cochichar que talvez esta fosse a melhor opção para este momento. Deste modo
resolvi deixar tudo o que recolhi da minha mente barulhenta fechada a sete
chaves aproveitando apenas o silencio e o vazio reinstalado como companheiros
fiéis. Devo aos dois novos aliados a acomodação voluntaria e sem esforço da
nova pratica de viver e conviver nos
caixilhos que a duras penas consegui esvaziar.
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