segunda-feira, 11 de maio de 2020

Novas práticas



Eu já havia decidido bem no fundo da minha alma - provavelmente sem ter completa consciência - que este ano seria diferente para mim, havia um impulso forte para mudar mesmo não sabendo ao certo do que eu precisava e muito menos ter conhecimento do necessário a fazer e o que a intuição me apontava. A partir da vida que andou nos últimos tempos os estalos foram acontecendo um após o outro até eu não ter mais ouvidos para ouvir. O silêncio que é o meu mestre acabou sendo atacado vilmente quebrando as minhas barreiras naturais. O barulho me foi apresentado como um aviso.

Dirigi-me voluntariamente a um grande vazio e com os ouvidos no vácuo tive condições de observar com cuidado o que a Vida andava querendo me mostrar e que até este momento exato eu não conseguia perceber e muito menos organizar. Pensei nela como quando se faz uma mudança de casa colocando os objetos em caixas separadas, embaladas adequadamente e devidamente etiquetadas para que tenhamos o norte do conteúdo. É fácil, muito fácil esquecer um ou outro objeto no momento em que eles saem da nossa vista e estes nos surpreenderão em menor ou maior grau ao serem redescobertos.

Foi assim que este momento se apresentou para mim. Vazio de tudo. Alegrei-me e agradeci por ter conseguido zerar a minha mente e colocar em modo de espera minhas decisões de ora em diante.

Ao me debruçar sobre a premência de estabelecer diretrizes que me protejam mais no dia a dia me vi tomada por uma preguiça gigante e uma vontade de deixar estar. A inércia veio cochichar que talvez esta fosse a melhor opção para este momento. Deste modo resolvi deixar tudo o que recolhi da minha mente barulhenta fechada a sete chaves aproveitando apenas o silencio e o vazio reinstalado como companheiros fiéis. Devo aos dois novos aliados a acomodação voluntaria e sem esforço da nova pratica de viver e conviver  nos caixilhos que a duras penas consegui esvaziar.

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