É só me chamar que eu vou, parece que é um
mantra, com um jeito tão intenso que parece acoplado na ossada, inserido na
derme, imerso na goela, como se conjugasse todos os verbos desde sempre. Não
era uma ilusão, era uma verdade até que chegou o momento em que estranhamente o
decujo não soava mais os ouvidos com tanta intimidade. Naquele dia alguma coisa estava diferente, e,
de certa forma, não se escutava ao fundo aquele diz que me diz de todo instante,
quebrando deste jeito impulsivo o som da ordem.
E assim nasceu o dia em que o mantra
enraizado se iluminou sozinho e foi buscar em outras paragens o sujeito de sua
vida, a sua concha ensimesmada, o seu pó de flor que espirra macio em todas as
direções. Assim chega um novo alvorecer onde
todos os chamados são diferentes dando opções de vida, de poder pegar e largar,
de não escolher, de deixar tudo, mas tudo para depois, de ouvir o som e a voz
do vazio.
Na ausência do bate estaca monocórdio
aconteceu o improvável, uma vez que em sendo liberto das amarras, os pulsos da
mente ainda se contorcem na procura de desamarrar os nós, o ouvido se espicha
notadamente como se faltasse algum acorde para o concerto daquela hora e os pés
se posicionam na marcha que some na medida em que avança.
O caminho é diferente, não por ser novo, mas
por ter sido escolhido justamente por não ter serventia aparente, por haver em
seu trilho as mesmas coisas de sempre, porém, vistas da esquina em frente, com
uma iluminação densa, com as nuances imperceptíveis aos olhares ligeiros e a interessante
alternativa de poder escolher.
Agora sem rumo, caçando o improviso, o
cenário se agiganta com força e se espalha dando asas a todas as preces sussurradas
com fervor durante os dias e noites que se avizinham tão celebradas. O som é
variado porque vem sem sugestão, o passe é livre, os nós jazem esquecidas pela
inatividade, o alcance, outrora soberbo emudece para sempre e assim os passos
acompanham a voz desafinada que ensaia outras Arias.
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