sábado, 15 de outubro de 2016

Leitores


Sempre vem dar uma espiada e com muxoxo tão peculiar vai dando sua narrativa que em nada se parece com uma opinião, vem sempre com muitas letras, com uma verve literária que faz corar e invejar letras tão rebuscadas, com frases tão encadeadas que tiram o fôlego da leitura, fará na compreensão. 

Aguardar a visita ilustre faz parte do ritual que imprime na folha branca a primeira letra o primeiro pensamento a primeira frase, que ainda nem destino acertado tem. A ansiedade aguarda em sentinela para que então tudo seja mais ou menos aprovado, mais ou menos refeito ou quem sabe até, mais ou menos aceito.

Interessante seria vislumbrar a companhia na interferência dos dizeres letrados, como se assim o texto fosse tocado como uma sinfonia, com vários acordes entre tantos que para se ter uma lauda uníssona, muita releitura haveria de trazer em tantos vieses, tantas outras palavras e, claro, tantos outros significados.

Baixando o sarrafo nas ideias, com uma verve lírica, contumaz e rebuscada, confunde as palavras tornando a intervenção quase que como um novo escrito, com outro nome e sobrenome, com uma altura inestimável, como uma querida companhia e a sobriedade vaza em todos os pontos alinhavados pela opinião tão bem acolhida, diga-se de passagem. Não se sente falta do que não se tem, mas neste caso, parece que o corrido de palavras ressuscita em novos ares o que já foi exposto e, deste jeito, agora, pertence a ninguém.

Em outro canto e na continuidade do trabalho de sarrafear o texto apresentado, o leitor conquistado arranca o que mais lhe parece ser proposto a si e rasga um pedaço do conjunto de vocábulos com uma intenção egoísta. Este jeito de surripiar pensamentos escritos oferece uma oportunidade para que as mesmas palavras se tornem outras travestidas com um novo sentido ou encarnadas em uma alma nova.

Ao iniciar a conjugação dos verbos é que a história vai sendo contada, vai aparecendo. Todo dia nasce um fiapo de flor, de raiz, de inço e deste jeito é a faina da escrita. Vai fluindo da ponta dos dedos, muitas vezes sem sentido atingindo quem de fato pensa.

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