“Risque, meu nome do seu caderno...” canta a música do tempo
do êpa, como eu. Ela me bate à porta tem dias, meses, desde quando o calor
chegou. Deve ser a cabeça esquentando ao sol, muitas tardes de bobeira ao mar.
Só sei que ela é insistente.
Os lápis se oferecem a mim risonhos e insistentes me olhando
de revés da caixinha em minha frente. São coloridos, tem borracha na ponta e
estão sempre afiados para escrever tudo o que eu preciso fazer. Agora, o
chamado é urgente para rabiscar e riscar a ilusão, o indesejado, o inoportuno e
o cansativo.
Me rendo ao apelo e escolho o lápis preto número dois, de
ponta fina, e muita coisa me aparece pela frente e não somente elas, como eles,
estes, isso e aquilo e a fila se forma me desafiando a coragem. Sim, porque
haja coragem de riscar do bloquinho aquela lembrança que reúne tempos em que a
consciência não estava tão em alerta e descambamos pelo lado errado do caminho,
decidindo voltar antes que fosse tarde. Mas, não importa, Dar a volta foi
preciso e por isso foi bem feito. E o lápis entra em cena e o risque rabisque
corre solto.
Acenando, desesperado, o lápis multicolorido me puxa a pensar
em apagar dos meus passos diários aquela trilha comum feita e refeita tantas
vezes. Ele me mostra em magenta e amarelo vibrante, o sol a pino em veredas
alternativas. Satisfeita, é para lá que eu vou.
Não só de caminhadas erradas me aponta o lápis. Poderoso, me
faz lembrar aquela idiotice de levantar uma lebre sem fundamento em tempo de
deixar pra lá, de passar por cima, de inutilizar. Na pancada se aprende. Delete
o ocorrido e siga em frente, em letras promissoras.
2012 é o ano mor do lápis. Vou escrever para apagar depois e
de tanta coisa que me aparece de pronto, já comecei.
Todo dia acordo com a turminha de cabeça de borracha me
acenando!
Risque...risque....risque.....
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 18 de março de 2012
Risque
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3 comentários:
Olá...estava com saudades das tuas cronicas.
Que bom que o ano chegou e que estas cronicas sejam escritas on line e que não vão ser apagadas com a borracha do lápis.
Seja bem vinda...bom domingo Carmen.
Parabéns,querida amiga,adorei tua crônica "Risque".Como sempre, escrita com inspiração,constitui, de certa forma,um alerta para que façamos o bom uso metafórico do "lápis". Um abraço, Alba.
Vera, que bom voltares a escrever. Esse "risque" vale para todos nós. Gostei da idéia, se riscássemos da nossa vida tantas coisas inúveis... Beijos. Maria Rosa
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