Aquele andar jingado com a cabeça enterrada na beira da praia já fazia parte do meu cotidiano e não me levantava mais suspeitas da esquisitice do decujo.
Não gostava muito de levantar os olhos para ver o mundo e acredito que para ele o planeta estava embaixo, de tanto seus pés afundarem pelas areias do mar.
Para mim, a figura um tanto fantasmagórica, porem constante da paisagem, me fazia pensar que a vida se mantinha igual com alteração apenas do vento, do mar, de mais luz e menos luz, de mais alegria e menos tristeza e vice versa.
Então, ele sumiu.
E com ele se foram minhas convicções que agora a vida não mudaria. Que agora tudo entraria nos eixos, que o passar do tempo seria mais lento, assim como meus passos e meus pensamentos. Eu tinha a certeza de que tudo estava encaixado e organizado e não haveria pretextos para inventar mais nada diferente. Siga o ritmo dos dias, pensava, e deixe-se ir.
Acreditei estar em melhores mãos que as minhas próprias uma vez que sempre irriquietas ora se movimentam pedindo companhia aos pensamentos ora se expressam sozinhas.
E assim, devagarinho, como quem levanta os olhos para apreciar e não se enterra em si para sofrer que parti para achar que a vida não é organizada, nada está encaixado verdadeiramente e que é melhor quebrar esta bússola teimosa que está sempre apontando para os mesmos quadrantes.
Fui.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com vera renner
domingo, 27 de maio de 2012
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7 comentários:
Vera querida,
Adorei o "Sumiço", como sempre muito bem escrito, como a poesia, é síntese e profundidade.
Grande beijo,
Carmen.
Oi Verinha!
Como sempre vc arrasa!
Parabéns! Como sempre,a amiga estava inspirada. Serão os ares praianos do nosso simplório e querido Capão Novo ?
Muito bom Vera, vamos viver a vida enxergando as coisas por vértices diferentes !!!!!!!!!
gabardo
Que bom que tu voltastes a escrever...estava com saudades, mas um sumiço as vezes é necessário. Bjs e boa semana, Carmen.
Vera querida!!!
Li tuas lindas crônicas, achei que estás numa fase um pouco nostálgica, qual a razão de tantas reflexões sobre o que já passou???
Tudo o que uma pessoa já viveu faz parte da sua vida única e singular, momentos inesquecíveis, outros nem tanto, mas todos com significados marcantes em cada momento que foram vividos, é esta teia que constrói a história de cada um, escrita com os lápis da cor que o momento exigir e que o sentimento impulsionar, o resultado, só ao longo dos anos se vai saber!!!!!!!
Continues a usar os lápis da cor que o teu coração pedir e risque, risque, risque o teu bloco de notas!!!!!!!!!!!!
Bjs com carinho
Dirce
Oi, Vera, li esta crônica e as posteriores. Gostei das três, mas esta me fez viajar,perambulei no texto com prazer maior. Abraços.
Maria Rosa
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