A vida de hoje é marcada pela nossa
onipotência. Nunca em tempo algum me defrontei comigo mesma em tal fissura de
decidir.De esbravejar contra o destino e forçar o caminho. Os
consultores de RH não me deixarão mentir porque são os especialistas em pontuar
tudo o que o desgraçado do profissional tem que fazer para chegar no topo, na
excelência, no ISO, no funcionário padrão. E subir, subir, subir....até cair.
Na vida. É a tal de regra para todo lado.
E a liberdade, arrotada com estrondo aos quatro ventos, nos
faz sentir onipotentes e donos da nossa vida e caminhos e, em todos os
conselhos recebidos, o pecado mortal é deixar a vida acontecer. Não se deixe
manipular pela vida. Você tem que dominá-la. Enxergue-se! Aí,
surtei. E lembrei, carinhosamente.
Dos meus sete anos, e minha ida à escola ( naquele tempo se
ia à escola SOMENTE , aos sete anos. Até então, brincava-se de bonecas e
vadiava-se o dia inteiro.) Era inverno rigoroso, minha mãe me acordava
invariavelmente de manhã bem cedo, adentrando meu quarto e abrindo as janelas
com estrondo, dizendo: “tá na hora, o dia está lindo temos que aproveitar”.
Engraçado, não importava o clima, o discurso era sempre igual. Talvez achasse
que fosse me animar. Mas não tinha jeito. Eu sentava na cama, atordoada
e muda.
Então, minha mãe vinha e me erguia me fazendo estar em pé.
Levanta um braço e depois o outro e uma perna e depois a outra me livrando do
delicioso pijama de pelúcia, quentinho e de tão velho, meio furado. E o
processo continuava até eu estar vestida com o uniforme austero do colégio de
freiras.
Eu não dizia palavra. Deliciada, me deixava comandar. Após
vestida, a ida ao banheiro, a babá se encarregava da higiene, de prender meus
cabelos rebeldes uma vida toda, num lindo rabo de cavalo. E a me chamar de
“andeja” porque eu fazia cara feia ao vê-la me desembaraçar os fios sem piedade
e com pressa. Ainda calada, apenas me deixava levar, saboreando cada
momento sem decisão própria. Fico nostálgica em pensar naquele tempo em
que amorosamente era preparada para viver o dia. Nossa onipotência no
comando da vida, não nos deixa viver.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
Mostrando postagens com marcador Alguém ai para me salvar????. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Alguém ai para me salvar????. Mostrar todas as postagens
sábado, 28 de novembro de 2009
Infancia
Assinar:
Postagens (Atom)
Lambendo o chão
Dia morno na caminhada lomba acima espanando o mofo, a injúria enrustida e certa indolência com tudo. Mas toda subida tem sua descida e se...

-
A traição impera de certa maneira no nosso dia começando pelo tempo que prometeu ficar de céu azul e se vendeu aos ventos e chuvas, desa...
-
Na primeira vez me chamou a atenção um pé de sapato solitário perdido na beira do mar. Era de homem, e devia estar no fundo do oceano al...
-
Descobri que estou sempre de malas prontas, não importando a viagem. Ao meu alcance, a bolsa do dia a dia que carrega em si as esperanças...