Nasceu predestinado a ser guerreiro e por
este motivo caiu em sua graça quem necessitava ter um arrimo de confiança na
vida, quem precisava ter um rol farto de orações encadeadas para o tempo de aperto,
de desespero, de posição assertiva frente ao perigo, fosse qual fosse. O seu
fã-clube foi aumentando à medida que o mundo se perdeu em si mesmo, se repartiu
em guerras, se acomodou em outras tantas esferas, se retraiu em alguns aspectos
e se apoderou de tantos outros credos e usurpou tantos outros pontos.
Seria de bom tom começar pela sua armadura, que
para os dias de hoje surge com uma imponência metafórica que tem em sua
essência todos os componentes necessários para vestir a mente que se ajusta a
novos tempos, a outras quimeras, a outros estados de espírito, a agressões em
paragens inimagináveis e delírios sobre o mal e o bem. As armas do santo,
aparentemente, perderam valor em sua forma física, porém, na contrapartida, a
defesa migrou para cabeças pensantes, articuladas no seu viés, determinadas em
sua compostura e certeiras em seu diagnóstico.
As armas empunhadas pelo Santo se travestem
para os comuns de hoje em dia como uma voz, que transforma o artefato de briga
medieval em força de oração para a defesa que insistente se insere na vida
cotidiana. Se não mais há dragões a matar, estes se transmutaram de grandes
questões humanitárias ao considerar uma defesa contundente.
A corrida não é menos importante e talvez
seja mais acirrada uma vez que não se trata de animais que defendem cavernas e
que estão à espreita, mas sim, mentes que se aguçam na busca de fazer o mal, de
se imiscuir no campo dos bons semeando as farpas da dor, do infortúnio e do descaso.
A morte aqui não é considerada uma vez que ela, por ser a única certeza, não
possui porta voz.
A todos os orantes que se devotam ao Santo
como única alternativa para seus males, que se regozijem porque certamente São
Jorge, grande mito, escuta e acolhe quem lhe brada por socorro. Amém.
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