A moça analfabeta tinha 15 anos,
magrela, vivia de catar tudo para se manter viva. A si e ao filho.
Ao
contrário do que se possa imaginar o tóxico se transforma em um espírito
iluminado caridoso e inteligente. Com uma filosofia cadenciada através de
juntar pedaços jogados fora vai seguindo para os seus melhores momentos.
E a vida
vai neste ritmo, de sol a sol, com o único objetivo de, com o entulho, viver. E
o sustento duvidoso fortaleceu o corpo e a mente.
Indomável.
Eterna.
Definitiva.
Inteligente,
mais do que tudo, prega sua filosofia de vida advinda da penúria pura e
simples, que ninguém tem, nem estudando.
Emergindo
do refugo, a alma se aprimora e se manifesta solidária. A sensibilidade aflora
e a todos a quem ama é bendita se merecerem estar bem perto do seu coração.
A moça,
agora uma mulher feita, cata alegorias e flores, bons sóis e ventos calmos e
redistribui seu amor às criaturas que a fazem se sentir viva e amada.
A
catadora de refugo se transforma em catadora de vida... Que adoravelmente distribui.
(eu conheço esta moça... ela está
bem perto do meu coração...)
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