Não havia contagem que suportasse a espera do
encontro que se repetia, com certa alternância de data, e, por isso mesmo, se
tornava tão temerário. E era sempre a mesma coisa, coração pulsando, adrenalina
fustigando o corpo e maltratando as veias que quase se arrebentavam de tanto
esforço.
Na
cabeça, ora, na cabeça, somente bobagens, muito confete e uma fila enganchada
de possibilidades que vistas a olho nu mostrava a realidade com aquela cara
irreverente e dúbia, mas não nesta feição e nem nesta hora. Esta, não se
formava por gosto, mas por ter nascido com aquele formato. Mas, não
tinha jeito, sempre havia aquela mania de pensar o bem, de promover energias
boas e ter a confiança de que tudo anda.
As
horas não passavam no ritmo delas, mas, sim, em um compasso muito particular,
uma contagem acelerada de mil olhadas no relógio, de passadas para lá e cá e
outras tantas manias mais de deixar qualquer um a beira de um espasmo. Até
aquele momento não foi percebido o perigo, apesar de ele ter dado as caras
desde o início e, então, irritada, a vida resolveu intervir e de um soco
colocou de maneira bem singular uma lembrança recente e o desconforto gelou seu
ânimo, esfriando o galope desordenado da expectativa e assim se instalou,
moderadamente uma tranqüilidade.
Como
não quer nada, a clareza veio dar o seu pitaco e trouxe à tona aquele abraço
não completado, o doce empurrão que farfalharam seus cabelos e, assim, de
maneira imperceptível apresentou-se ao momento acentuada falta de conexão. Os
braços caíram com tristeza ao longo do corpo e o olhar, abrumado, afastava de
vez todas as possibilidades.