Era um dia lindo, azul perfeito e eu não percebi uma nuvem escura bem a esquerda da minha janela, no horizonte. Que bobagem, quem ligaria para qualquer sinal em céu de brigadeiro, onde se ouve o som da calma em ventos outonais e se respira o perfume das folhas resvalando ao chão, se despedindo languidamente do amor que as manteve nas estações anteriores. A seiva que por ora se esvai com promessa de voltar.
Segui em passo firme com as convicções empoleiradas nos
ombros, uma vez que elas não cabiam mais em nenhuma pasta que eu pudesse
carregar. Todas elas vinham com
anotações várias, para que eu as mantivesse atualizadas e também de fácil
acesso para esclarecer qualquer conversa. Certezas convencem.
De súbito, precisei sacar meu talento para fazer frente ao
que se impunha, sacudi os ombros, corri em busca da agenda, escarafunchei minha
bolsa e dei tratos à bola. Dei alguns passos e, desconfortável, percebi que
tudo o que eu tinha estava no chão, partido em mil caquinhos multifacetados
refletindo o mundo. Uma sucata pronta para se transformar.
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