Sempre
que a Chance encosta-se a mim, olho no entorno
perturbada, querendo me certificar que é comigo mesma que ela está falando.
Mais desconfiada ainda rastreio a vista de cima a baixo, porque, de certa forma
ela pode surgir de várias formas e é bom estar preparado, se bem que, nunca se
está.
Tem vezes que ela aparece promissora, sorridente,
tão cheia de armadilhas secretas, que fica difícil identificar à primeira vista
o que vem junto com este pacote ofertado sem se ter pedido. Como as
esquisitices nunca estão a olho nu, a trabalheira é dobrada na busca da
verdadeira ocasião.
Preste mais atenção se a Chance inicia
a conversa com o parágrafo da bajulação em primeiro plano, formando e
descrevendo você com conceitos exacerbados e pior ainda, te elevando aos céus
como personagem idílica ou caracterizando todas as suas ações como perfeitas.
Do encosto se sai leve como uma pluma, cogitando múltiplas oportunidades,
andando como cabra cega e não acreditando na boa sorte. Esta abordagem é
certeira para carregar você ao inferno e ao paraíso, concomitantemente, uma vez
que a intenção é chegar ao seu ponto fraco, aquele, que nem a gente sabe que
tem e muito menos qual é.
Muitas
vezes ela se aproxima como quem não quer nada, só espiar em você ou soprar
alguma oportunidade não aventada, um demônio que ronda nossa vida, se acercando
sempre sem se mostrar inteiramente. Esta característica é a mais sutil e mais
difícil de domar, e a derrapagem na arapuca vem célere, acolhendo as ofertas
sem analisar o que está por trás e, mais ainda, o que pode vir pela frente. Aí,
sem chance.
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