sábado, 29 de março de 2014

Tijolos


O projeto, nas entrelinhas, se apresentou de repente, tão de repente que o formato das coisas já assentadas se mostrou em uma desordem incomum para quem já havia percorrido e superado tantos caminhos. Mas parecia, assim, num olhar mais acurado, que talvez pudesse vir a ser uma situação onde vazios seriam preenchidos e lugares compartilhados com possibilidades infinitas de rearranjo e de substituição.
Desta forma a caminhada iniciou-se, um pouco afobada no começo, porque logo surgiu a dificuldade de montar o quebra-cabeça que se compunha de várias circunstâncias, algumas mais pesadas, outras obtusas e muitas delas em situação tão irregular que custava a crer que fosse se encaixar no movimento conjeturado.

A estrutura desmontada e esquecida roubava a cena cada vez que se apresentava, uma vez que a intenção era refazer caminhos perdidos, conectar sentimentos díspares que ressurgiam com voracidade se alinhando com sede de aproximação. Algumas vezes o desencontro traía impiedosamente a intenção, porém, a curiosidade e o sentimento de estar vivo era mais forte e a construção não parava. Apenas dava um tempo para a calma reinar e a respiração abrandar.
E assim foi sendo feita a passagem, com cada peça se encaixando uma na outra, selada pela mistura composta de sensibilidade, de alegria, de riso infantil, de olhar brejeiro com intenções não reveladas. Para fazer a liga, lágrimas de riso da piada repentina. Desenhada a ponte tijolo a tijolo ladrilhada com os entretons da espera e da vontade de acertar.

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