Tenho consciência de que eu sou o próprio motor, mas acho que perdi o jeito de dar a partida. Aquela capacidade de acertar o prumo, arregalar os olhos, baixar a cabeça e seguir para o norte que a vela enfunada aponta. Sorrindo, um pouco entesada e divertida.
Em que maré me perdi de mim, em que ilha larguei a mochila
onde eu guardava meus apontamentos da vida, meus escritos de sofrimento e minhas
lembranças que teimam em queimar meus neurônios bem na hora em que o sono chega
para lhes dar mais saúde.
Em que onda joguei meu charme e qual pescador recolheu
meu aceno de bom dia ao se largar mar adentro, e, por pura diversão carregou junto com sua rede
minha intenção enleada e agora, em sua volta, chega de mãos vazias porque, alegre
e distraído não calculou o quanto elas
eram preciosas nesta manhã.
As águas de inverno levaram para o fundo do mar o meu
intento mas as conchas da beira da praia recolheram cada palavra derramada em alta voz nas
minhas caminhadas.