sábado, 25 de dezembro de 2010

Aquela mesa


A mesa, grande, naquele ambiente austero e clássico estava bem disposta com poucos lugares e aguardava silenciosa seus convidados. Depois de um ano em que poucos rostos puderam se enfrentar, e o olho no olho não funcionou como a melhor e mais cordial arma, é chegado o momento de pousar em todos, não só olhares, mas sorrisos abertos e gestos serenos.

Eles foram chegando um a um, com roupas informais, passos lentos e animada conjunção facial, muito a vontade para o encontro. Em tempo nenhum se percebia alguma pressa, olhar arrevesado ou preocupação das horas. Nem todos se conheciam mas conversavam como se amigos fossem e a animação dos assuntos versou sobre tudo.

A apresentação nem foi necessária, pois a indagação do olhar e curiosidade não tinha pressa naquele grupo formado por pessoas de várias idades, profissões e credos e que em dias normais tem como norte a pressa e a contagem dos minutos auferida severamente. O evento moldou a simpatia e a elegância de se comunicar com confiança e desejo de estar ali, simplesmente.

Em algum momento, me apartei, observando aquela cerimônia singular em que a alegria e o bom humor geraram altas e sonoras gargalhadas por um fio de uma prosa mais descontraída.

Nada parecido com aqueles olhares furtivos, dados solapados, riso cínico e arrogância contundente. Percebi com tristeza que a ferida ainda está aberta.

A ocasião do encontro valeu como mais um sopro para estancar a sangria.

Um comentário:

LÉLIA D AVILA LIMA disse...

Oi Vera...

Uma observação sobre o marcador desta crônica [não me tome por atrevida!!]:

"O tempo cura as feridas, cicatrizes ficam...."

Beijos.. Boa praia!!!
Lélia

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