quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Entrelinhas


Entrelinhas são um fetiche para quem gosta de andar pela caligrafia enroscando uma aba na outra, fortuindo sinais, inventando significados e cavando enormes profundezas para a mente vagar. A paranóia, lado a lado como fiel depositária de todas as verdades ocultas do bem e do mal.

Flanar na suposição e caçar a besta-fera do segredo.

Nas variantes do disse-me-disse são conjugados muitos verbos e contados vários assuntos, pairando em estranhas estrofes e rimas sem graça. Uma missiva enfarruscada, com meandros praticamente intransponíveis e com imprevisível prego na roda. As entrelinhas confirmam. É rolo.

Teclados abençoados que aceitam todas as batidas ditadas pelo coração entristecido e confuso seguem em marcha rápida. O alvo não importa. A questão é desabafar e gravar em fileiras negras o que é pretendido que se entenda. Um bom monólogo na suposição de acertar a mira e de pronto a distância para o entendimento. Na transparência cristalina das entrelinhas. É rolo.

Entre palavras se anuncia o desvão do juízo e apesar da presença e da voz a muda intenção se esvai por um sentido implícito. A maestria de descobrir se impõe sedutora e esplêndida. Ao vivo as entrelinhas confirmam. É rolo.

Em recados sutis, muito espaço para sonhar.

Ai meu Deus.

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