sábado, 22 de maio de 2010

Quatro paredes


Quatro paredes nunca contam com o teto e na verdade, o teto é que são elas. O que acontece nos reflexos dos cimentos ao quadrado é o de cima que os vê e é sempre emparedado que enxergamos o que talvez a olho nu e na claridade não conseguiríamos entrever.

É nesta prisão que nos defrontamos com o desconhecido de nós mesmos, pois por ali, não temos para onde correr e de tais partes se formam o viver, este presente sem fuga.

A parede real nos grita as obrigações, os compromissos e os deveres a cumprir como uma ameaça, se não dermos cabo das ditas. Faca no pescoço. Cumpra.

A parede em frente tem a cor da esperança que avisa que o tic-tac do relógio está correndo e alertando que não dispomos de muito mais tempo para sermos felizes ou infelizes, porque na verdade isto é do gosto de cada um. Uns e outros passam a vida no sofrimento por não saberem trilhar o caminho da alegria e da felicidade e escolhem para si o pedregulho, e nunca dele conseguem se safar.

A outra parede em tons de ilusão mostra as impossibilidades da vida de uma forma muito sutil, pois é nesta seara que muitos não alcançam autonomia imaginando simplesmente o que desejam, pressupondo que a solução venha como se uma mágica fosse.

A quarta parede vem nos falar da essência da existência, assoprando desesperançada que a nós é dado o livre arbítrio. Ir e vir faz parte da assombração que idealiza um sentido constante de crescimento e de valorização do que vem por aí. Viver.
E entre estas quatro paredes vemos o “teto” que tudo observa como se Deus fosse.

Para mim, o teto representa o amor. Indiscutível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fantástico "Quatro paredes", deu para entender o choro em cascata!!!!
Parabéns, está cada vez melhor.....
Bom domingo, Carmen.

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