sábado, 22 de maio de 2010

Esqueleto


De volta ao esqueleto com milhões de partículas de toda a espécie que se uniram cantareiras e voltaram a envolver meus ossos. Na evolução dos sentidos comecei a pressentir a quentura dos nervos e a musculatura aderindo à minha ossada descarnada. Veias se inchando com sangue quente que recomeça a navegação por entre elas que de tão secas tomam um susto. Mas rápidas se alegram e se refazem, talvez um pouco mal humoradas. Afinal, este corpo estava descansando e lá vem esta tal de vida movimentar o que estava quase morto.

A gritaria entre os átomos é ensurdecedora com meus pensamentos zunindo de um lado a outro, um pouco desprovidos de senso, uma vez que agora procuram acomodar-se nessa carcaça.

Tonta com a potência da história a me empurrar barranca acima, sem dó, meu esqueleto agora revestido de gente decide assumir o que vier.

A renovação deveria ser sempre assim, ruidosa e galopante, sem meias- medidas, anunciando ao mundo que a caveira agora tem dono.

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