Ele sempre surge dentre o verde. Parece que
nasceu por ali, que forjou sua vida entre o sol, a chuva, flores e folhas,
tendo-as em sua composição. O ambiente natural lhe cai muito bem porque é desta
simplicidade da natureza que sua alma foi feita.
Passo acelerado, cabeça baixa, pensamentos cerrados no que
está por vir em seguida. Sempre tem vento a balançar seus cabelos brancos e a
brisa forte também o faz franzir o nariz, característica tão peculiar desde
sempre em sua feição. Os olhos vão ao longe e voltam ao chão, na espreita
ansiosa.
Na boca, um esgar nervoso. E na mente uma interlocução
adoidada de si para si, falta-lhe o ar e sufoca-lhe a garganta.
Na fantasia, a emoção de mais um encontro em que muitas e
tantas palavras serão ditas e tantos pensamentos saltearão. Ele sabe, porém,
que após dizê-las nem em mil anos serão todas faladas. E compreendidas.
No atropelo, tenta pensar direito no que lhe vai no coração
volteando argumentos e revelações que transbordam atrapalhadas, desconexas, e
em meio a tanto esforço recomeça a pensação. É preciso chegar logo. O resgate
desta loucura está próximo e a redenção virá.
As passadas são curtas e rápidas com olhar focado no caminho.
Levanta os olhos ao
chegar.
E então, a mente relaxa, o sangue começa a fluir normalmente,
o coração se acalma, as mãos param de tremer.
Sorrindo, ele a abraça.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 24 de janeiro de 2010
Natureza
sábado, 9 de janeiro de 2010
Arrivals
É sempre a mesma coisa ao chegar. O ar, denso, pesado de sal e maresia parecem querer te avisar que é chegada a hora do tempo bom. É o momento para dar asas à imaginação, deixar rolar a vida e docemente esquecer tudo.
Tudo mesmo. O bom e o ruim, porque com a mente vazia, enxergamos o que está na nossa frente. As cores diferentes da paisagem, o desconhecido a desfilar insistentemente te provocando como a te avisar que agora vai. Vai andar o tempo certo das coisas. A cadência e o calor são teus sócios na empreitada.
Assim é a chegada diante do mar. Inquieto na espera de lamber todos os pés e molhar todos os corpos. Ardentes ou não. Cansados ou cheios de energia.
A combinação do ar e do clima são drogas pra lá de sedutoras para deixar qualquer um feliz no encontro de si e da natureza. E por dentro de nós não encontramos nada, somente o vazio da chegada e a espera de surpresas.
Afinal, recomeçar exige preparação e abandono do antigo.
As coisas podem acontecer a partir de um dia de sol, ou de chuva, pois todo dia de folga é dia de celebrar.
Talvez alguma conversa sem a menor importância e sentido bafeje teu silêncio voluntário, contaminando as idéias que estão sensatamente a descansar.
As palavras adormecem no regaço do cérebro porque o paraíso solicita
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Socorro sem palavras
Reunir-se em muitos, às vezes, é surreal porque a situação
pode trazer em seu bojo armadilhas da linguagem e da atitude que parecem
impossíveis de acontecer. Mas acontecem. Bagagens reunidas no absurdo geram
interlocução nem sempre claras.
Tudo pode acontecer no paralelo da comunicação de quem não
tem coragem de enfrentar a realidade e vai se esquivando dos adventos e
arrancadas das nossas relações fraternas e de amor.
A palavra em alta voz fere como dardos se assim o quisermos.
E calam tão fundo que jamais vamos esquecer da “imagem” falada. Da palavra dita
por acaso com toda intenção de ofender, com todo cuidado de bafejar a falta de
educação espalhando a maledicência.
A palavra, sublime, tem dois lados. Famigerado o que as
utiliza para o sinistro.
A palavra escrita fere a fogo quem dela não souber se servir.
No conjunto então...Ai meu Deus. Nos diálogos a compreensão não é prova
concreta de entendimento comum. Cada um entende os fonemas de uma forma e a
expectativa da grafia é maravilhosa por tantos estilos e formas de expressão
existentes. Despejar a ira ou o amor em frases alonga teu prazer ou tua fúria.
Relatar a realidade – sonho e fantasia - é uma arapuca que quase todos nos
metemos. Praticamente todos os dias.
A palavra não vista quase sempre abriga a mágoa, e, o destino
da mesma, é ferir o outro. Parecer supérflua e vacilante, levemente
indiferente, a atitude se consolida através da rejeição programada
milimetricamente. Tão definitivas e inaudíveis que põe em choque a quem se
referem. Quase sempre conquistam seu objetivo que é demonstrar desprezo.
Mas, preste atenção: ninguém destrói quem tem sensibilidade
para perceber, esquecer e perdoar. De repente, fico
pensando que em tantas palavras, fiquei eu com saudade do tempo que não vivi:
“o sinal de fumaça” dos índios...Chamativo, silencioso,
atencioso, objetivo e muito esclarecedor. Socorro sem palavras.
Duas lágrimas
O dia chora mansinho se unindo a tantas e tantas outras vertentes cristalinas que brotam de olhos de todos os matizes sempre mantendo a au...

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