Gosto muito de olhar o
calendário e acabo me perdendo na divagação da passagem dos dias, dos meses e,
seguidamente vou e volto até o final de ano sem precisar exatamente o que me
atrai neste habito, porque na verdade não mantenho um objetivo ao vê-los passar
parecendo a mim uma brincadeira que que busca descobrir através da minha
imaginação o estilo que impera nesta passagem do tempo. Vale dizer que estou
sempre de olho no início da invasão avassaladora do verão e, isto posto, necessito
tomar algumas providências urgentes.
Todo dia eu agradeço a Deus
pela paisagem que se descortina frente a mim sem nenhuma falha de composição da
natureza que parece, vez ou outra, me aborrecer soprando ventos airosos por
dias e dias, em outra ocasião a chuva acontece deixando bichos e plantas
afogados, porém, nada se compara quando a data de reinado do Rei Sol se
aproxima provocando uma mudança de hábito subliminar, creio.
É neste momento que inicio a
busca de um tecido para o cortinado que irá, por algum tempo, deixar o mar, as
areias e as arvores com suas cores mescladas se confundindo com o que se passa
na rua. A chegada do “voal” causa furor no meu olhar que, ora em diante até o
final da farra litorânea irá apreciar o cenário exclusivo da morada através de
uma peneira translúcida.
Já posso imaginar que o
movimento desta rua em frente brindada por córrego naturalmente cristalino se
tingirá de verde musgo, os bancos aprazíveis para descanso do dia a dia se
tornarão um conluio da maledicência e falatório generalizado, as calçadas se
transformarão na passarela das mais improváveis vestimentas e mais um sem número
de retratos impossíveis que minha linda cortina poderá apenas anuviar.

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