E lá vem um novo dia que deixa
a escuridão misteriosa para trás, não sem antes carregar escondido em si alguns
segredos que foram compartilhados enquanto meio mundo dormia havendo sempre
aqueles que ao fechar seus olhos encontravam seu mundo paralelo sendo este o
lugar para que devagar se ajustasse alguma coisa ou coisa nenhuma.
Sigo firme e com os olhos bem
abertos no enfrentamento da noite que sempre romântica e cuidadosa desce seu
manto devagar como se tivesse duvidas se iria entrar para virar novo dia ou se
deixaria ficar na penumbra, sombreando as cidades, perseguindo e espantando as
nuvens densas que preferem navegar no céu quando entra a noite só para
atrapalhar o encantamento do dia iluminado que se vai.
Eu tenho dois momentos em um
dia que eu esqueço quem eu sou de verdade, no amanhecer com as cores da noite
se despedindo melancolicamente e o anoitecer quando o dia se arrasta mansamente
completando o ciclo daquele tempo somente. Somente aquele tempo.
Na primeira hora tenho a
sensação exata que nasci naquele minuto abrindo os olhos para enxergar a vida
que por obvio se apresenta novidadeira e cheia de energia da luz que se espalha,
como se fosse dona de tudo, formando com suas sombras múltiplos desenhos
geométricos deixando a paisagem com um movimento dinâmico alertando a cidade
que é momento de iniciar a dança da rotina.
Na segunda hora, ou no momento
da virada para a noite me encontro com a minha vida, neste momento mais longa do
que eu poderia imaginar, e por este motivo o movimento de espera pela noite já
me encontra com os olhos semicerrados para a realidade e já não possuo força
para avaliar o que passou de maneira correta me sentindo empurrada para deixar
passar, guardar em algum lugar que me fará esquecer para sempre, ou
simplesmente não considerar. É neste momento que tiro a Roupa da Vida e vou
dormir. De verdade.

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