O dia se esticou demais parecendo reverenciar o momento em que vieram me visitar lembranças que, aparentemente surgiram como um último suspiro na beira do mar não se configurando como minhas reminiscências mesmo que eu me sentisse a personagem perfeita no instante em que a mim se revelaram. A tarde arrefece seu ímpeto dando lugar elegantemente às sombras da noite que espia de longe aquele quadro onde a água se faz lânguida deitando-se suavemente na areia como se desejasse ficar ali refletindo o momento.
Me invadiu um sentimento de procura ansiosa pelo nada, uma urgência de um mergulho no vazio da noite talvez porque somente com esta brisa me sentirei confortável para esticar o braço e alcançar o que estão me oferecendo e, por qualquer motivo, não me aparece em momentos de luz.
Decidi fazer companhia integral ao tempo que hoje se apresentou sinalizando um fim, ou talvez, um intervalo, o que me encheu de esperança de, ao longo da noite, fazer uma lição de casa que há tempo me espia e sempre não faço caso do fato.
Me
acomodei no lugar em que estava, e comecei a pensar em qual
assunto eu iria trazer à baila e que pelo jeito anda escondido em alguma gaveta
da casa, algum escrito perdido nas páginas de um livro cheio de traça, talvez
um rascunho arremessado na caixa que guarda apetrechos para lareira incluindo papel
velho, quem sabe esta lição está bem ao meu alcance dentro de uma pasta cujo título
se chama vazio. Pensei em muitas possibilidades e cheguei à conclusão que a
lição do dia consta em todos estes espaços, bastando que eu os reconheça como legítimos
e os coloque no foco do dia que virá.

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