domingo, 10 de agosto de 2025

Meus pais



Sempre que vejo o rastro de um avião a jato rasgando o céu azul lembro do meu pai e a minha mãe que, sempre juntos, voavam nas asas da “Panair” e da “Varig”, de saudosa memória, havendo sempre aquela caravana da família indo ao Aeroporto Salgado Filho recepciona-los. O grupo era de respeito, com minha avó Aracy capitaneando a “trupe”, meus irmãos e executivos da fábrica. As novidades ora vinham do Nordeste, ora da Europa, com muito conhecimento no reencontro das viagens.

Minha mãe nunca comprou uma roupa de loja e todos os seus “tailleurs” foram primorosamente costurados na famosa máquina de costura Singer. Daquela máquina saiu a vestimenta de todos nós e eu, durante muito tempo, muito mesmo, costumava fazer a minha escolha de figurino a partir da revista alemã “Burda” que minha mãe colecionava causando em mim, até hoje, um sentimento difuso de orgulho, alegria e saudade.

Nesta doce lembrança paira a sombra da saudade que me invade do tempo de ouro vivido na próspera cidade de Montenegro, um lugar organizado, localizado ao pé do Morro São João zelando a cidade que preservava seu casario e estava deitada ao lado do Rio Caí, caudaloso e com um curso que alcançava outras paragens, levando de arrasto o progresso e sua rebeldia de, em tempos de chuva, deitar-se fora da margem. Estripulias a parte, ele é muito amado.

Iniciei este relato com idade avançada, mas no último parágrafo estarei com as minhas reminiscências invertidas chegando até minha “era bebê” veraneando na linda Torres e de lá ouço o roncar de um avião monomotor - sempre ele - dando voltas e mais voltas em cima do nosso Chalé na beira do mar, na Praia Grande, com a correria da minha mãe ao pegar o carro e voar para busca-lo no antigo “campo de aviação”. A chegada era recheada de alegria com meu pai trazendo melancia a bordo. Lembrança antiga, muito antiga, e que hoje faz toda a diferença no meu dia a dia, no meu acordar, no meu olhar o mar.

Ouçam com bons ouvidos “Asas da memória” em

https://www.youtube.com/@RalpVidaEsperanca



5 comentários:

Anônimo disse...

Como lembras a tua mãe. Não a conhecia.

Anônimo disse...

Oi Vera, recebi da Clarinha este teu texto! Lindo a história da tua famosa e marcante família na nossa querida cidade de Montenegro onde juntos passamos momentos de convivência maravilhosos!
Parabéns pelo teu talento de escrever e descrever teus lindos sentimentos inerentes a tua pessoa! Bjos, Betinho

Anônimo disse...

Que legal Vera Lúcia esta tua crônica. Abraço

Anônimo disse...

Bem emocionada aqui. Vou guardar para escutar mais vezes 😘

Anônimo disse...

Que lembranças tão lindas e importantes! Gosto muito da tua escrita. Beijos. (Maira)

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