Vou sentar nesta mesa de bar
que possui várias cadeiras vazias, uma vela enclausurada em vidro e um cinzeiro
para que se houver consideração acolha qualquer cinza, desde a mais comum até
as que estão em voga e que desconheço. Também pretendo colocar em cada assento
que me admira com olhar pedinte, todos os meus pensamentos de agora que
transitam sem compostura em uma desordem hermética dentro do meu corpo causando
todo tipo de estrago formando uma dor, uma lágrima, uma tosse, um soluço, uma
ferida, um desespero.
Na primeira cadeira encontro a
tristeza que me invade e surge solitária como a estrela da manhã que mesmo brilhando
com intensidade não consegue reparar o rompimento da mente neste encontro
inesperado. Eu a deixarei assentada para quando
o bar fechar suas portas não tenha mais para onde se dirigir e assim se extinguirá
por si só.
Na segunda cadeira me deparei
com o falatório que se apresenta com uma prosa boba, uma conversa sem sentido,
palavras fúteis jogadas ao vento como se folhas secas fossem não deixando
nenhum rastro e nenhum ruído que as faça ter fundamento. Ali percebi a
desconexão que paira no ar e que nenhum vento forte da encosta consegue
derrubar.
Ocupei a terceira cadeira
esperando que o bar ao abrir suas portas me apresente uma alternativa viável e
que me dê esperança de travar uma batalha verbal incluindo palavras onde a
frase tem sentido, o adjetivo e o substantivo têm sua personalidade preservada,
a pontuação siga o rito e que o texto prescinda de ilustração que represente
uma ação. Entrou em cena o desencanto que me entregou um rascunho de nada, me
obrigando a fechar o Bar Imaginário.
Um comentário:
Belíssimo (e triste) conto a retratar esses tempos de futilidades e certezas estúpidas!
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