Pensei
muito a respeito deste assunto, se eu devia ou não me arriscar a fazer remoção
do entulho que com o passar do tempo vai se avolumando na vida como craca em
casco de embarcação, e que, para solucionar, somente arriando as velas,
suspender o barco e trabalhar. Ao observar o assunto por esta perspectiva
animei-me, porque anda me parecendo que pelo andar da carruagem dos viventes,
está se acumulando no entorno do calendário que ora se apressa ora se pasma
tanto organismo estranho que somente arriando o modo de vida costumeiro para
que haja uma dedicação criteriosa no aparamento.
Não
foi difícil dar baixa nos incômodos que se postam em frente como se fosse
grande coisa, como se fosse executar um arrasta quarteirão na rotina, como se
achasse que a partir dali tudo muda enquanto que a única certeza é a volta do
original, a limpeza do excesso, o brilho do que jamais deveria ter ficado
oculto.
Nesta
barcaça sentimental que resolveu aportar na soleira da minha porta como se esta
fosse um porto seco decidi - com muito capricho - lavrar o excesso que por
certa preguiça ou comiseração deixei entrar limite adentro. Eu sabia que o
fútil, o chato, o supérfluo e a antítese se instalaram com facilidade porque
deixei as velas flanando em abertura espetacular sob os ventos de verão e me
distraí olhando para outro lado.
O arriamento não chegou por
acaso como as chuvas de verão, a calmaria do outono, os ventos da primavera, e
o “fog” do inverno. Não, vieram porque por algum motivo oculto as aldravas da
vida ficaram abertas e sem proteção facilitando a entrada do não desejado por
princípio.
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