sexta-feira, 11 de julho de 2025

Terreno baldio

 


Dias difíceis por aqui e os sinais me vem sem que eu possa perceber claramente, mas, no andar do dia quieto e medroso que se apresenta minha figura delata em alta voz os sintomas que este dia, justamente este, pretende reportar. Fico prestando atenção, em primeiro lugar, no norte do meu amanhecer e encontro  o mar, como sempre, aguardando que o sol lhe venha fazer companhia, me olhando, porém, hoje ele parece que me espreita, me espia, me monitora e o percebo enviando mudos recados, alguns posso entender porque são sempre os mesmos, outros aqui estou tentando adivinhar.

Comecei minha investigação determinada a não olhar para trás apesar de minha cervical andar rodeando o meu corpo como se tivesse vida própria, e, de certo modo possui olhos de lince para giro selvagem e se agrada de postar-se diante de múltiplas possibilidades, aliás, um vício do meu corpo que volta e meia navega na procura de um terreno baldio para invadi-lo com meus pensamentos mais urgentes e desta vez não foi diferente.

Me rendi à muda interferência do início da manhã e fui investigar o espaço encontrando uma verdadeira trama de hera ardida que conjugava assuntos do passado embaralhando e enredando o infortúnio, a sorte, o amor, o desamor o encontro e a despedida em fortes laços do qual não conseguiam se desvencilhar.

Um pouco parva ao reencontrar os pedaços de vida misturados resolvi que a tarefa ao qual o dia me destinara seria de limpar aquele solo baldio que ousara receber os fantasmas de outro tempo, ressignificando a experiência desta aparição repentina e, aparentemente, com propósito oculto.

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