quarta-feira, 16 de julho de 2025

Dentro dos olhos

 


Nem bem havia despertado quando resolvi, de imediato, fechar os olhos, não sem antes trazer o mundo para dentro deles e seguir cega para o que existe hoje ao meu redor buscando a capacidade de, aos poucos, lembrar minhas tarefas diárias e decidir se as vou cumprir ou se vou perseguir outro caminho, bloqueando o antigo, mesmo em dúvida do que eu mesma irei apresentar.

Me parece, entretanto, que ao trazer o mundo para dentro dos meus olhos apenas a escuridão se apresentou dando a entender que a mim caberia usar os artifícios que minha percepção interna pudesse acessar e não permitir que esta cortina pesada da vida se estabelecesse por muito ou pouco tempo dentro de mim.

Ansiosa com a aventura de refazer um dia da minha vida busquei dentro do caderno do meu coração as flechas que se transformarão na probabilidade de utilizar este descuido do mundo que se apagou para mim, internamente, e montar um novo cenário. Será com meus olhos vendados que buscarei a companhia de todos que se evadiram de mim como bruma densa de inverno, vou recompor o caminho do desterro que em outra ocasião abracei sem perceber o que deixaria para trás.

Voam faíscas de todas as linhas e se reúne ao meu redor o brilho que vai iluminar  um carinho que se perdeu no emaranhado de frases, um convite declinado, um abraço que ficou no ar, um beijo retido na intenção, um encontro desmarcado, uma ausência sentida, um desejo no ar e uma esperança latente.

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