Nem bem havia despertado
quando resolvi, de imediato, fechar os olhos, não sem antes trazer o mundo para
dentro deles e seguir cega para o que existe hoje ao meu redor buscando a
capacidade de, aos poucos, lembrar minhas tarefas diárias e decidir se as vou
cumprir ou se vou perseguir outro caminho, bloqueando o antigo, mesmo em dúvida
do que eu mesma irei apresentar.
Me parece, entretanto, que ao
trazer o mundo para dentro dos meus olhos apenas a escuridão se apresentou
dando a entender que a mim caberia usar os artifícios que minha percepção
interna pudesse acessar e não permitir que esta cortina pesada da vida se
estabelecesse por muito ou pouco tempo dentro de mim.
Ansiosa com a aventura de
refazer um dia da minha vida busquei dentro do caderno do meu coração as
flechas que se transformarão na probabilidade de utilizar este descuido do
mundo que se apagou para mim, internamente, e montar um novo cenário. Será com
meus olhos vendados que buscarei a companhia de todos que se evadiram de mim
como bruma densa de inverno, vou recompor o caminho do desterro que em outra
ocasião abracei sem perceber o que deixaria para trás.
Voam faíscas de todas as
linhas e se reúne ao meu redor o brilho que vai iluminar um carinho que se perdeu no emaranhado de
frases, um convite declinado, um abraço que ficou no ar, um beijo retido na
intenção, um encontro desmarcado, uma ausência sentida, um desejo no ar e uma
esperança latente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário