sexta-feira, 18 de julho de 2025

Duas lágrimas

 


O dia chora mansinho se unindo a tantas e tantas outras vertentes cristalinas que brotam de olhos de todos os matizes sempre mantendo a audácia de tentar vazar o colorido da íris na simplória gota que rola pela face do moço, da moça, do velho, da velha, da mulher, do homem e da criança sem nenhuma distinção.

Talvez o dono do lacrimejar espontâneo a perceba translúcida e, em um primeiro momento, confunda seu significado e por este motivo singelo a deixa marejar com liberdade para que o aguado caminho seja recebido em um colo de mãe, um ombro amigo, um simples abraço, a escadaria da igreja, mãos avidas de consolo e quem sabe, a suave espuma do mar que, hoje, entristecido e calmo, a receba com carinho.

O pranto sentido jorra com a fluidez que uma tristeza costuma ter ao conseguir a alforria da alma para que, finalmente, possa percorrer todo o caminho de um rosto cheio de nuance, criada a ferro e fogo pelo tempo com tantos sulcos para desviar. Este olhar molhado se alongou por algum tempo sendo estancado no momento em que encontrou um lenço rendado entre dedos trêmulos, abafando o soluço que surgia como acompanhante.

Uma lamúria de pingos pode verter internamente por não possuir a capacidade de traçar o destino certo para um ou outro tema construindo uma trilha de pranto sem fim. São duas lágrimas que correm juntas entremeando o espirito e salteando, ora por uma aflição, ora por uma alegria surpreendente.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindoooooo!!! Adorei!!! Parabéns por tão bela Crônica!👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻❤️

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