Não havia me dado conta que
sempre há um lugar vazio aqui por perto parecendo ser um vão inabitado, sempre
a disposição, postado insolentemente, quieto, bem posto e com altivez que me dá
a impressão que dali não se afastará, havendo a suspeita que esta esfera se
tornou companhia, mesmo que eu a ignore.
Neste dia diferente,
finalmente com o ar gelado oxigenando o corpo e a mente, pareceu que o espaço tomou
um lugar maior, se agrandando de uma forma tão real que parece impossível não
perceber. Cuidadosamente fui buscar o novelo da vida que sempre guardo em um
disfarce efêmero pois é por ali que terei a certeza da descoberta do mistério
que ronda meu dia a dia.
Um pouco aturdida e sem rumo
certo comecei a buscar com interesse o vácuo que segue sem trégua e não consigo
perceber nenhum defeito na estrutura, perscrutei se há alguma fresta, alguma
fala, talvez um campo mal feito ou frágil e aparentemente, a amplitude se
apresenta uniforme, firme e determinada.
Foi em um instante que percebi
com clareza que este recanto em branco possui uma certa personalidade e se
apresenta ora como uma caixa antiga em algum canto nobre da casa, em outro
momento uma gaveta chaveada abarrotada de lembranças, e, por fim, apenas uma
área que denota ausência, limpa e serena. Em apenas um segundo a mais
compreendi que este campo tão atencioso se posta ao meu lado para que eu nunca
esqueça que estou só.
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