domingo, 4 de maio de 2025

Aquela cortina

 


Nesta manhã calma e ensolarada que anda dando uma pinta de mistério e traição é que resolvi colocar aquela cortina num canto da janela. Somente naquele pedacinho da abertura porque por algum motivo o que vem atrás deste pedaço da fachada não me enche os olhos, não ilumina minha noite e muito menos me faz brilhar na luz do sol.

É um canto desprotegido que invade as sombras do ambiente formando uma linha fantasmagórica e assustadora que, na maioria das vezes, me dá uma sensação de alerta para um desmando altivo que vem acompanhado da sensação de múltiplos olhares.

Percebo, na minha imaginação, olhos ocultos que cintilantes vagueiam pela rua quando a noite já vai alta margeando os galhos das árvores que pendem ao brilhante orvalho da noite, olhares disfarçados que se abrem e fecham no ritmo das águas do córrego.

Me postei frente a esta janela tentando desvendar o segredo dela em ser tão transparente neste cantinho tão sem expressão, uma meia janela, um pequeno espaço que apenas completa a arquitetura do ambiente. Pode ser que os meus olhos internos andam cansados e opacos, talvez a íris com este lindo nome, estafada, resolveu se evadir do globo ocular e correu para aparelhar olhos mais jovens, talvez eu esteja vendo o que minha intuição anda esquecendo de apontar.

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