Quando fico sem palavras é
porque algo de cima vem me assoprar com sofreguidão me fazendo voltar o
pensamento para o que anda acontecendo de verdade, e não de mentira, aqui nos
meus dias de letras. Primeiro vem a enxurrada de missivas à cabeça que me
empurram com certa impertinência para o primeiro lápis e caderno que estiver
dando sopa pela casa. São muitos, todos coloridos, com ponta impecável e em
estado de alerta.
A seguir o fluxo e refluxo dos
bilhetes no desencontro me assaltam com certa frequência fazendo estancar as ideias,
talvez para que elas, por si próprias, se organizem, pois muitas nascem do caos
e teimam em queimar a largada. São fujonas e etéreas em sua maioria me fazendo
correr na anotação no final da página, antecipando o que vai ocorrer no
entremeio de parágrafos.
A palavra dita pode tomar
rumos, pegar um vento costeiro de norte a sul, bandear-se para outra
interpretação, esconder-se atrás de novas palavras, embaralhar o alfabeto,
confundir o interlocutor e no fim e ao cabo evaporar-se como folhas ao vento.
Tenho a convicção que por
detrás do surto inspirador existe a premência de um agradecimento e no meu
pensamento somente palavras grafadas possuem este poder por serem eternas e não
apenas a conjugação de verbos.
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