domingo, 13 de abril de 2025

Sem palavras

 


Quando fico sem palavras é porque algo de cima vem me assoprar com sofreguidão me fazendo voltar o pensamento para o que anda acontecendo de verdade, e não de mentira, aqui nos meus dias de letras. Primeiro vem a enxurrada de missivas à cabeça que me empurram com certa impertinência para o primeiro lápis e caderno que estiver dando sopa pela casa. São muitos, todos coloridos, com ponta impecável e em estado de alerta.

A seguir o fluxo e refluxo dos bilhetes no desencontro me assaltam com certa frequência fazendo estancar as ideias, talvez para que elas, por si próprias, se organizem, pois muitas nascem do caos e teimam em queimar a largada. São fujonas e etéreas em sua maioria me fazendo correr na anotação no final da página, antecipando o que vai ocorrer no entremeio de parágrafos.

A palavra dita pode tomar rumos, pegar um vento costeiro de norte a sul, bandear-se para outra interpretação, esconder-se atrás de novas palavras, embaralhar o alfabeto, confundir o interlocutor e no fim e ao cabo evaporar-se como folhas ao vento.

Tenho a convicção que por detrás do surto inspirador existe a premência de um agradecimento e no meu pensamento somente palavras grafadas possuem este poder por serem eternas e não apenas a conjugação de verbos.

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