Quase sempre é lá em cima, além dos olhos, da nuca, dos muros, das nuvens quando sobe em escalada vertiginosa todo o falatório real e imaginário, recente ou antigo, que atravessa os satélites como um risco, parecendo que aquelas palavras tem de atingir seu alvo de qualquer modo. O vento forte do passado anda cruzando o céu e com este vai não volta se enreda em mil consoantes, esquecendo, ou deixando para trás de propósito, as vogais com a clara intenção de desestabilizar o que ruge em todos os cantos.
Não é necessário adensar o
propósito, que pelo volume se esfarela dentro de si e faz chover em mil pedaços
frases de variado naipe, alinhavando como se fosse um truque antigo a realidade
e o falso.
Assim se move o tempo de hoje,
onde muitos morrem de saudades do tempo antigo, mas, sem ousar relatar que o par
e passo era reverenciado por velhos e moços, que a cautela e o caldo de galinha
era oferecido em todas as contendas e o deixa pra lá vinha com a oferta de um
abraço bem apertado, tapinha nas costas, sorriso de orelha a orelha cobrindo uma
face sempre sincera.
Tempo este em que os carros se
misturavam com as carroças, cavaleiros tiravam o chapéu para as senhoras e
senhoritas, as bicicletas circulavam em alegre arruaça, motocicletas no ziguezague
da fumaça junto aos pedestres que andavam com cuidado e atenção para não perder
a hora nem o passo. Agora se diz e se
faz tarde demais.
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