A natureza anda parecida
comigo nestes tempos de mudez completa do entorno em que se ouve a passada da
formiga trabalhando no seu formigueiro aceleradamente para hibernar. Ando
ensimesmada e com passos lentos talvez tentando aproveitar este momento único
que surge todo ano por aqui nos altos do fim do mundo, frente ao mar, que se
configura na estagnação de toda vida natural e assim lá vou eu acompanhando.
Vou na trilha costumeira
somente observando que as árvores, em primeiro lugar, estão caladas e inertes
nos seus arroubos de brotação aparentando uma palidez em suas folhas e caules
trazendo um conforto visual que é um bálsamo para quem recebeu a claridade
fogueteira do sol nos últimos tempos. Ele, aliás, o Rei Sol, anda metido a
queimar a mufa, porém, acredito que logo vai passar este destempero de Rei.
A beira mar anda traindo seus
moradores e se revela maldosa pintando suas águas de marrom glacê, invadindo as
areias até bem perto dos cômoros levando consigo na carona os incautos mariscos
que, inadvertidamente, se engajaram na espuma barrenta no maior divertimento.
Não perceberam que não haveria carona de volta e, com este descuido, perderam a
vida ficando para trás com a barriga aberta secando ao sol. Talvez seja um
melhor fim do que perecer na ponta de um anzol.
O vento anda escondido entre
uma brisa ou outra mais gelada treinando para soprar sua fúria quando o inverno
vier. Por enquanto ele está apenas treinando a velocidade, demonstrando que
este nosso clima exuberante tem tempo para tudo.
Um comentário:
Que lindooooo!!! O outono chegando e nosso Amado Verão fica para trás.. Até 2026.
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