Hoje decidi que não vou articular nenhum som, nenhuma opinião que seja verdadeira ou suspeita porque neste dia morno e quieto o interior borbulha e como não sou de grandes arroubos me manterei discreta apenas com os olhos em funcionamento. Como eles são o mirante da alma será por intermédio deles que terei para mim as melhores imagens filtrando com maestria o que virá pela frente. Também não pretendo olhar muito ao alto, nem ao lado, sabendo de antemão que os meus pensamentos poderão se contaminar com o azedume ameaçador que paira no ar como nuvem ameaçadora e sinistra.
Também estou liquidando com o
olfato preferindo um tecido leve com aroma de almíscar para acompanhar minha
passada que, neste momento está em recuo, buscando em desespero outro lugar
para pousar minhas intenções. Todas elas vestidas com uma finalidade que não
faça do dia uma sombra.
O sentido de ouvir neste dia
esquisito tomou outro rumo porque senti a necessidade urgente de apenas ouvir o
que parte da minha alma, dos ditos do passado, das falas de ontem, do modo
impróprio de expressão de aqui e ali, do dito, do não expressado, do respondido,
do ocultado. Vou assim permeando meu sentido em entremeio cuidadoso enquanto
meus olhos peregrinam por este dia que veio vestido de mistério.
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