Eu andava por aí, navegando no
fio da navalha dos cabos intergaláticos da vida, buscando em um dia e outro
também palavras, virgulas, letras, até frases inteiras para compor minha faina
diária de colocar no papel da memória, e, na sequência, na tela do mundo o
corriqueiro diapasão dos meus escritos.
O vale tudo na pesquisa inclui olhar com lupa quem se interessa pela
obra desconhecida, diga-se de passagem.
Em meio aos descaminhos dos
cabos invisíveis que nos rodeia, nos prende, nos monitora, vez ou outra aparece
de dentro deste ninho um conhecido, um amigo de antanho, um incógnito que quer
se fazer conhecido. Aparentemente não é somente em trilhas arrevesadas que
navegamos e assim surge uma amiga que não vislumbro a pelo menos 50 anos (por
baixo).
Vou chama-la de “Fermento
Clarinha” uma vez que ao se deparar com a minha escrita se transformou no
espalhador da minha obra - modesta – e resolveu amplificar pelo mundo todas as
letras, as boas, as más, as dissonantes, as tristes, e se foi porta afora com
o megafone no cabeamento que lhe é pertencente.
Surpresa e animada com o
encontro fui desenterrando histórias, areando minha memória, exercitando a
comunhão de ideias e pensamentos e então o milagre do “Fermento Clarinha”
aconteceu. Houve a correta opção dos ingredientes imprescindíveis para que este
fato se expandisse entre os escolhidos.
E lá se foram ao mundo minhas
palavras, algumas enganchadas nas ondas do mar, outras voando como areial
durante os ventos costeiros, muitas fugindo como foge o ladrão da polícia, outras
correndo como uma criança em cima da bicicleta, milhares acompanhando na sombra
do guarda sol em dia de verão ou do outro lado, lutando com o vento que inverte
o guarda-chuva nos molhados dias invernais. Nestes últimos dias os satélites do
mundo conheceram o “Fermento Clarinha” que não existe em nenhuma prateleira de
mercado, mas sim, no coração de muitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário