Nem bem nasceu o dia recebo aquela chuva de letras como se o alfabeto forçasse as tramelas de portas e janelas vindo direto ao meu pensamento ainda preguiçoso na madrugada. Além destes personagens que adoram se enganchar um no outro formando todo o tipo de conversa, do bem e do mal e do mais ou menos, os números veem a reboque e acredito piamente como os grandes torturadores do dia.
A contagem começou, a verborragia só está
aquecendo os motores e assim entramos no dia submergidos em letras, números e
toda a companhia intrincada que eles conjugam assim que acordamos formando
fonemas simplórios que apenas querem fazer sentido para o pensamento, a
criação, o verbo.
Esta turminha não vem silente,
vem como se fosse um algoz para quem tem nas veias o bom trato com computador,
a caneta que dia sim outro também, arruma a escrivaninha metodicamente colocando
páginas em branco a serviço do rascunho, apontadores e lápis devidamente
ajustados na ponta fina, borracha bem grande para derrubar um ou outro desatino
no vocabulário e assim está completa a
batalha campal entre o desejo e a inspiração – esta tirana – que brinca
de esconde esconde com as distrações diárias que enfrentamos.
Escrever todo dia apenas uma
ou duas frases que traduzam um sentimento para o amanhecer, ou o entardecer,
trazendo um norte para ações na sequência, tirando a mente de pensamentos
enfarpelados como as ondas de um mar bravio desbravando a folha em branco que
inocentemente aguarda tornar pública uma prece, uma desculpa, um poema, um
bilhete, um pedido de socorro, uma fala divina.
Um comentário:
Lindo, minhas inspirações, poucas, mais na área do jornalismo também chegam assim. Às vezes, rápidas, outras, se montando de leve,letra por letra
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