Aquela fenda estava ali há muito tempo, dividindo o mesmo solo ressecado e árido da calçada em uma rua escondida em algum beco esquecido. A fissura abriu-se como um pedido de socorro ao vento, a chuva, ao sol, aos insetos para que com a energia da natureza restabelecesse neste vão profundo um motivo, apenas um motivo para que suas raízes tomassem um rumo conciliador entre a aridez da rocha e a exuberância da terra.
Como em nossa alma por muitas
vezes sacudida pela secura do dia a dia se faz a reza diária pedindo ao
Universo um pouco de alimento divino, mesmo mergulhado na profundeza do
pensamento que a todo momento palpita inconformado dentro do coração levantando
os seixos aleatórios da mente que sempre se sobrepõe tornando possível a
escalada rumo ao viço e ao encontro com o ar respirável da emoção.
Bastou apenas um espaço
pequeno e instigante para alertar que a alma não sobrevive em terreno bravio
havendo sempre a possibilidade de fugir de tudo na busca da quentura do sol, do
refresco da brisa e da perfeição da natureza que se alia ao ser humano numa
conjunção de vida e fé. Certeza de que a abertura será para dias melhores, mais
vigorosos apesar da aparente delicadeza do murmúrio em prece permanente.
Um comentário:
Lindo texto Vera querida!!!! que a partir de uma observação do cotidiano consegues fazer o leitor viajar em outras dimensões 🙏🙏🙏
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