sábado, 5 de outubro de 2024

Na profundeza

 

A superfície perfeita da vida anda de vento em popa apresentando todos os dias o sol nascente, o mar com seus chiliques, o vento brincando com todo mundo, ora arrancando tudo do chão ora queimando a mufa do incauto caminhante de rua.

 É sempre a mesma coisa, tudo dentro do previsto com o imaginário correndo por fora professando benesses, escondendo o caos, lembrando que é melhor andar em frente sem olhar para lado nenhum, sem fazer conta de cabeça e muito menos raciocinar a respeito do próximo passo uma vez que o tempo urge.

Passo largo e olho arregalado vai recolhendo o que parece ser demandado de importante, absorvendo a urgência do assunto posto em frente, mudando de ideia tão rápido como trem bala, se voltando contra o que sempre acreditou com uma avassaladora facilidade, largando pelo caminho aquela mochila com tantas preciosidades por força de surgir um caminho que, mesmo improvável, se traveste de apaixonante.

Paralelo à distração pré-fabricada se encontra na profundeza cristalina do cotidiano todos os ardis da desordem elaborados na madrugada silenciosa.

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