A imagem noturna se enquadrou
na minha janela escondendo tudo o mais que poderia haver ao seu redor imperando
majestosa frente ao meu olhar admirado, tanto pela grandiosidade da estampa
quanto pelo estupor de me encontrar sem palavras sequer entreabrindo os lábios
para esboçar um sorriso, soletrar uma letra, murmurar um verso, reverberar um
mantra ou outro manifesto qualquer. O alfabeto inteiro me faltou naquele
momento, mas me sobraram murmúrios.
Impávida continuei diante da
quietude de todo aparato da natureza que se descortinou com humildade frente a
mim me deixando bem à vontade para estabelecer, agora, uma comunicação comigo
mesmo por um fio de voz, um cochicho ou uma rouquice inaudível tal a
preciosidade daquele momento em que a natureza inteira que me circunda dignou-se
a vestir-se de gala e dar um giro demonstrando que a beleza da noite emudece o
espirito, embriaga a alma tornando o alarido cavernoso e sutil.
Assim como a imagem surgiu das
sombras da noite esvaneceu-se no ar como pó de pirlimpimpim talvez se
preparando para mágica e encantamento alhures, quem sabe agora com trinados
ressoando boas vindas, gorjeios especiais e sussurros mansos indicando onde se
colocar para ser melhor visto.
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