quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Sussurro

 

A imagem noturna se enquadrou na minha janela escondendo tudo o mais que poderia haver ao seu redor imperando majestosa frente ao meu olhar admirado, tanto pela grandiosidade da estampa quanto pelo estupor de me encontrar sem palavras sequer entreabrindo os lábios para esboçar um sorriso, soletrar uma letra, murmurar um verso, reverberar um mantra ou outro manifesto qualquer. O alfabeto inteiro me faltou naquele momento, mas me sobraram murmúrios.

Impávida continuei diante da quietude de todo aparato da natureza que se descortinou com humildade frente a mim me deixando bem à vontade para estabelecer, agora, uma comunicação comigo mesmo por um fio de voz, um cochicho ou uma rouquice inaudível tal a preciosidade daquele momento em que a natureza inteira que me circunda dignou-se a vestir-se de gala e dar um giro demonstrando que a beleza da noite emudece o espirito, embriaga a alma tornando o alarido cavernoso e sutil.

Assim como a imagem surgiu das sombras da noite esvaneceu-se no ar como pó de pirlimpimpim talvez se preparando para mágica e encantamento alhures, quem sabe agora com trinados ressoando boas vindas, gorjeios especiais e sussurros mansos indicando onde se colocar para ser melhor visto.

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