quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

A Veranista

O silêncio do longo inverno nos corredores do prédio ecoa em meus ouvidos como se fosse uma música recorrente e monocórdia que  simplifica o dia a dia, que ensurdece os tantos ventos airados que circulam intermitentes em uma conversalhada confusa onde seus atores se constituem em todos os elementos da natureza. É no corredor gelado que a voz do mar, das árvores, dos passarinhos e das flores se enredam numa linguagem própria.

Esse tempo, porém, sempre tem data certa para acabar, pelo menos no calendário, e assim que o sol vem de longe para nos abafar aqui em frente o corredor se toma de silêncio absoluto, parecendo se preparar para uma mudança radical no lufa-lufa inóspito do ano todo. Quieto, aguarda em profunda reverência a Veranista adentrar o espaço sorrindo, como de costume, bem perto da minha porta

Junto com o sol quente, o mar calmo, o vento escondido, as árvores com sombra e os passarinhos na grita geral se estabelece a expectativa de que as escadas terão maior realce, as vozes se agigantam em tom alegre, a vestimenta leve de verão inunda o espaço cogitando com entusiasmo que o tempo é de circular por entre todos, distribuindo sorrisos e abraçando a saudade do lugar.

A Veranista com o riso solto se apropria do espaço com circunstância e dele vai extraindo o que existe de melhor na temporada de Verão. A calma e a luz se instalam fazendo a vida ter mais sentido, mais movimento e jovialidade unindo em estrofes únicas o sentido de se avizinhar em um ambiente tão abençoado pela natureza.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito! Lindo texto! Verão nos traz luz, vida, alegria e a certeza que tudo muda e se renova! Parabéns!!!! Abraço 😘

Anônimo disse...

Parabéns Vera .Adorei !

Gosto amargo

  Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoj...