As marcas da secura estão com suas cicatrizes à mostra sangrando poeira e pedregulho, travando córregos, aborrecendo sementes e murchando as flores das mais resistentes levando a natureza a se manifestar com estardalhaço para que os ventos e as águas mais frias aconteçam com presteza por estes lados.
É tempo de fechar o guarda sol, guardar com erva-cheirosa cangas e biquínis, retirar da vista o chinelo de dedo, abandonar bronzeadores, secar ao sol ainda quente a bolsa térmica de praia repudiando, por ora, o tempo etílico e sumir com as cadeiras que já denunciam ferrugem do período. Enfim, esperar o desejado tempo fresco que se avizinha com a pompa e circunstância que merece.
O espírito se prepara para ouvir o silêncio que se instala nas asas do vento da deliciosa mudança que se aproxima, torcendo para que a balburdia seja deixada para trás, como um traste mal visto, uma ocasião fora da curva que traz o desequilíbrio da proposta da estação de descanso neste pedaço de chão abençoado que usufrui da passagem marcada das Estações do Ano.
Ele chegará em breve, diz o
meu Barômetro. Como lhe é peculiar, virá calmamente, primeiro iluminando com
luz muito clara o dia, arrefecendo as ondas do mar, molhando bem devagar o chão
batido do verão passado, dando sustos mais frios alternando a brincadeira com o
sol abrasador que não perde a mania de ser o Rei. Todos a postos. Ele virá.
Um comentário:
Que lindo Texto! Tens o Dom de transmitir ao escrever o que sentimos com a chegada de mais uma Estação: o Outono! Parabéns Vera! 👏🏻👏🏻
Postar um comentário