sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Bota fora

 

A hora que parecia nunca chegar se aproxima devagarinho, quase empacando, pairando certo temor que alguma conspiração fora de hora desembarque na premência de alguns de evadir-se para outros lados solapando o desejo íntimo de tantos que almejam o Paraíso liberto e destrancado para continuar a viver no ritmo cadenciado das dunas voláteis, areias ansiosas e ondas voluntariosas, sem falar do amigo de todas as estações, o vento intermitente. 

O calendário demonstra autoridade estando exposto por todo lado e o sino cadenciado minuto a minuto vai empurrando para a hora crucial da partida que sinaliza que é de bom tom ir juntando os tarecos inúteis adquiridos no período da farra desenfreada onde o que é feio bonito parece, o que faz mal passa a fazer bem, o exceder-se faz parte do todo de quem vem para um tempo limitado e a exacerbação dos modos ganham altos índices de aprovação. Quem se importa, dizem alguns. 

Na outra ponta cortinas são arriadas, portões destravados, cercas vivas podadas, riacho na calmaria, praia limpa e a bicharada toma o poder novamente após um tempo fugindo do pisoteio de todo tipo de ambulante, inclusive, das pegadas firmes do individuo que parece sempre estar com pressa almejando, quem sabe, chegar a lugar algum. 

Não tem mais como esperar, o sino bateu e a hora da retirada em bloco se faz urgente, talvez, por ser o tempo destinado para aloprar no seu lugar de origem deixando que estas terras alternativas voltem ao poder dos nativos que durante um período voltam a usufruir das condições civilizadas que escolheram viver, apesar deste interregno anual suportado com frequência com mais do mesmo.

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