terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Perdi a linha

Eu  tinha certeza que estava no rumo certo, talvez um pouco mais avoada do que de costume ou quem sabe até fazendo questão de deixar de lado esta costura diária que, mais do que me organiza, me atrapalha muito, pois me dei   conta que, afinal, já havia perdido a linha há muito tempo e estava por ali disfarçando de seguir um caminho bordado com aviamentos coloridos, não querendo enxergar que eu havia perdido o carretel e igualmente o bastidor companheiro de todas  as horas na tapeçaria involuntária do dia.

Decidi ficar vagando sem o modo linear para me enxergar melhor, para me deparar com o que não estou percebendo e quem sabe procurar linhas mais delicadas e com cores suaves que combinem com a natureza marítima que não se cansa de pintar o entorno com suas cores usuais mudando apenas o matiz, vez ou outra, para brincar de claro e escuro, enganando a bicharada residente.

Divaguei um pouco sobre como voltar a ter um carretel com linha firme, que não se desfaça facilmente no puxa estica do pano no bastidor e que consiga levar adiante o dia com costuras delicadas, quando for o caso, e enredos mais confusos só para que eu possa suturar tudo mais do meu jeito brincando de ir e vir nas agulhas.

Resolvi de maneira reflexiva que eu iria abandonar  a linha, o carretel e o bastidor que por ora não mais me atraiam, porque, na verdade, eu havia me abandonado nos assuntos do dia e falseei na alternativa proposta singular de seguir o caminho diário com linhas escolhidas de antemão. Voltei com muita graça aos ditames diários dos ventos, da maresia, das águas e das areias circulando com grande diferença dia a dia.

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