No pau a pique o Sol teima em transbordar-se por entre destroços, mas, valente como sempre, o Rei de todas as horas e para todos com vida ou sem ela - uma vez que sua performance também atinge quem já se foi desta para melhor ou sequer chegou a colocar os pés por aqui neste Vale de Lágrimas - se valendo da sua natureza em nascer todos os dias com pequenas variações na aparição, dependendo do humor da maresia, das nuvens que perambulam vagabundas pelo céu, pela neblina que embaça a tudo fazendo uma brincadeira de esconde-esconde com viventes de todos os quadrantes.
Seus raios se colocam de plantão na brincadeira de iluminar ou sombrear este equipamento praiano que vive á beira do mar e com ele - e por ele - sofre as fustigações do tempo e da barbárie, esta, obviamente não pertence à majestosa casta da natureza que apenas defende sua vida espaçosa, pois gosta da liberdade e da independência que lhe foi conferida por Deus, unicamente.
Os feixes de luz avançam por
sobre a madeira que de um lado surge carcomida pelo sal de sua vida a beira do
mar e, por outro, alguns de seus destroços que foram vandalizados pelo poder do
fogo deixa a carcaça calcinada com seus suportes aparentes e sem o domínio da
construção, com o perigo ditando seu destino e prevendo que a valente Guarita
perde sua força e se esburaca vivamente frente aos olhos de todos. Ela, justo
ela, que com um desenho tosco serve de pouso do Salva Vidas que por ali se
aquerencia no verão das multidões e mira seu olhar agudo por além das ondas da
arrebentação seguindo em braçadas fortes na busca de quem não tem noção de
perigo e desafia a natureza. Deve ser estes mesmos incautos que portaram a caixa
de fósforos para acender uma insolência na Guarita cuidadora que ora rescende a
madeira queimada se misturando tristemente ao ar marítimo.
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