Varrer o território com o palavreado de todas as sangas distribuindo o alfabeto em linhas corridas e que, conforme a verborragia, vai se desencontrando na forma, conteúdo e alcance de entendimento, porém é justamente esta a graça de quem se assanha com as palavras que podem ser medidas de vez em quando em relação à chuvas torrenciais que lavram a terra levando consigo tudo o que encontra. No caso da escrita, da mesma forma se vão jogando para cima tudo o que vem à cabeça e vai ficando pelo caminho o dito pelo não dito e mal dito provem a ofensa sussurrada e a agonia surda deixando bocas entreabertas de supresa frente ao que se lê ou que se ouve.
O sanatório geral do vocábulo segue seu caminho de cabelo em pé porque do nada a compreensão que já estava combinada se esvai como pó de arroz pulverizando o raciocínio lógico, deixando para trás a esperança de fazer as pazes com o inimigo, de pousar os olhos em algum bilhete de amor molhado de lágrimas, percorrer com pressa um caminho para sentar e ler algo relevante.
A letra corrida vai
enganchando dia após dia todas as tristezas que lhe atravessam o caminho e como
ela não tem preconceito vai determinando os parágrafos ao sabor do que lhe
assopra os ventos do dia e deste jeito, no embalo do mar e na correria das
areias, vai inventando o que lhe aprouver de modo a não perceber a cegueira
entre virgulas que surge sempre latente e com despropósito. A caçada das letras
– muitas dela sem combinação – se inicia assim que floresce o pensamento da
ordem do dia que, de prontidão, inicia a ciranda de guerra e paz, de pedido de
desculpas, de perdão e de vamos combinar que ora em diante.