domingo, 14 de março de 2021

Paradeira

A luz e a cor se confundem nesta manhã que teima em não avançar o tempo como deveria, dando uma impressão que por vontade própria estancou o passar dos minutos e assim, obedientes, a natureza do entorno acompanhou o recado intuitivo do brilho deixando as cores matinais de fora de qualquer nuance avassaladora. A mensagem veio em boa hora nesta sonolenta manhã baixando a guarda até da passarada que pia baixinho e na espreita. 

Resolvi empacar tudo o que eu estava fazendo me incluindo deste jeito na brincadeira dos astros que por aqui dominam com sabedoria impecável a contagem do dia a dia, não havendo possibilidade de mudança no roteiro que acontece desde sempre. 

Aproveitei este tempo para melhor azeitar minhas ideias que fazem um esforço estapafúrdio para se alinhar diariamente ao que passa pela frente, mas, neste dia, a missiva era clara como as ondas do pré-outono havendo um grande conluio para que apenas os olhos se movessem e com criterioso cuidado uma vez que a sensação era de que algo sutil e misterioso estava por vir naturalmente. 

Atenta e calada finalmente me deparei com uma paisagem igualmente na espera com suas areias praianas, os bichinhos minúsculos que as frequenta, as conchas largadas por estarem sem serventia estava sendo realinhada com grande ajuste no matiz tradicional havendo uma seleção renovadora para novos amanheceres, apontando para um novo tempo em que já se pode sentir seus aromas pairando neste ar acuado à proposito. 

Não demorou quase nada para que finalmente a manhã seguisse seu ritmo normal onde a pincelada de luz e cor redefiniu magistralmente o retrato da natureza dando por encerrado seu trabalho naquele dia especial junto ao céu que nos protege.

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