Cravei tudo o que eu pensava em letras de fogo para que nunca mais as esquecesse de e se, por algum momento tardio ou sem retaguarda, eu as reviva invoco que sua luz e queimação me saltem aos olhos e mirem novamente a história que mereceu esta atitude intempestiva e escandalosa. Não me importa se ela é demasiada ou se estapafúrdia, o que realmente me fez pensar em adotar esta tramoia nas telas é para provar para mim mesma que se deve ficar em alerta máximo, porque de qualquer lado, em qualquer instante menos improvável pode surgir aquele malfeito, aquela traição que mereceu estar ali, gravada para sempre e sem chance de reformulação.
Para me divertir sarcástica e maldosamente abri a galeria dos fatos que por força da minha organização mental de anos hoje se acomodam mui ordenadamente em gavetas imaginárias as quais possuo a chave com o segredo gerido pela lembrança, sentimento, alegria, tristeza, amor e desamor. Existem muitas mais para acionar, porém algumas eu realmente nem faço questão porque já as abri algum tempo atrás, limpei criteriosamente o que devia e dei o assunto por encerrado, pois entendi que sequer merecem estar em letras de fogo, tal a injuria.
Diante da imensidão do mar, meu interlocutor de todas as horas e imagem de fundo para o que vem e para o que vai me dei alguns minutos para investigar as tais gavetas que ainda insistiam em abrir o lacre da memória e se apresentar sem compostura perante mim, como se relevantes fossem ou como se já não estivessem em processo de extinção definitiva no meu coração.
Muito interessante se apresentar
recapado com a pior vestimenta querendo entrar disfarçadamente na minha vida
por entre os muros escusos da difusão indiscriminada do telefone sem fio. Com
um sorriso cínico no canto da minha boca que mais parecia um esgar forçado
ignorei a missiva invasiva colocando o autor em modo de fogo demonstrando que
meu jeito mudou para melhor.
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