Surgiu como tantas outras coisas que aparecem neste mundão sem esquina causando certa surpresa para quem, como eu, esvaziei o alforje de coisas e loisas indo embora sem olhar para trás deixando mais ou menos de tudo um pouco para os que ficaram. De certo que a ausência provocou um vácuo que jamais será preenchido se não houver um olhar acurado do ficante e deste jeito bem humano as lembranças vão se apagando e fugindo do dia a dia, até desaparecerem por completo e já não se existe mais para o outro.
Com estes sinais que de imediato percebi chegando até mim, dei de ombros e me fui porta afora ocupar o meu vazio voluntário sem expectativas que me aborrecessem e me deixassem refém de algo ou de alguém ou até da galera circundante. Dei um basta e encerrei.
Deste modo, alegre e descompromissado, passei a fazer parte do mundo das telas múltiplas que me perseguem pela casa enchendo-a de som e imagem apesar de eu haver determinado parcimônia de assistência porque não quero ser subtraída pelo fugaz de estar ali dia sim e outro também. Precisava me cercar de presenças de valor e por este motivo resolvi não me vender para qualquer reclame fantasiado.
E assim dei-me de cara com o
dito cujo cidadão do mundo e alquimista de mesa farta ou pobre abrindo uma
porta e chamando alguns para entrar. Lembro que não entrei e sim me joguei sala
adentro olhando para os lados e me dando conta que era ali mesmo, neste espaço
virtual que eu encontraria as falas que eu procurava mesmo sem saber, as
risadas escassas nestes tempos bicudos, as historias bem contadas, as
realidades singelas, as opiniões semelhantes, o humor diário, as diversas
idades e, mais do que tudo, entregar-se com simplicidade ao desconhecido da
face mas não das convicções.