sábado, 17 de outubro de 2020

Os comunicáveis

 

Ando enredada em muitas coisas, a maioria delas nem presto atenção porque não possuem um rabicho que se conecte a mim e então, de pura implicância me desvencilho com a maior facilidade, porque, afinal de contas, tudo o que não está conectado não parece ter importância e assim vão se somando irrelevâncias das mais variadas formas. Por este motivo ando no arresto de tantos cabos que faz parecer que a vida se encontra dependurada em algo ou, melhor, em tudo. 

As combinações de antigamente – todas – dão uma pinta de falência geral porque com certeza parecem, hoje, terem sido feitas de forma telepática porque estávamos no local combinado e sem atraso somente com o ajuste firmado no dia anterior ou, quiçá, muito antes. Não havia necessidade de confirmar: o dito era cumprido e, com rigor, de local e horário fosse qual fosse o compromisso. 

Por ora encilhados pela moderna comunicação via aparelhos ultra poderosos nos foi tirada a independência de cumprir com a promessa “de fio de bigode” justamente porque, para alguns, para muitos ou para todos ficou outorgada a tentação de o compromisso passar em branco por falta de conexão momentânea, a energia elétrica se foi, a bateria acabou. Simples assim. Vez ou outra pode se fazer muito tentador ignorar o lufa-lufa das redes sociais que nos acaçapa no “corner” dos minutos de um dia inteiro. 

Enlouquecidos com o pisca-pisca eletrônico fica bem difícil se evadir da ciranda multicolorida do viés da vida moderna, com seus ícones chamativos e em sua maioria passiveis da importância que lhe são conferidos. Fica parecendo de certa maneira irônica que “o dito pelo não dito” nunca teve tanta notoriedade.

 

 

 

 

 

 

 

 

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