Sinto-me do avesso em muitos
e muitos dias parecendo que esta condição adere-se a mim, vez ou outra, sem que
eu possa identificar a causa. Vai ver que a minha composição de ossos, carne e
sangue, por fora, não anda lá estas coisas, mas depois, fico pensando que a que
está por dentro deve estar para lá de “Marraquesh”. Mas, vá lá, melhor imaginar
que tudo segue em bom estado e dentro da Lei de Deus, óbvio.
Por carregar esta aflição de
ser outra e não eu, fico na escuta do que possa ocorrer se me quedo assim,
avessada, com as entranhas de fora, passeando por ai e mostrando a todos minhas
verdades, mais, muito mais que internas e íntimas.
Esta visão de mim deste
jeito travesso me dispõe todas as desculpas para que eu possa levantar e seguir
no rumo não desenhado que tracei para mim, este jeito de olhar para fora sem
enxergar, de ver as gentes e não senti-las de fato, uma vez que as vozes de lá
e de cá andam parafraseando tudo e com tantos matizes que meu cérebro, agora do
lado avesso, as repele.
E, por estar arrevesada e
gostando deste estado minimalista a “A La Salvador Dali” vou desagravando tudo
o que me passa pela frente com a lente do absurdo empunhada com gosto. A
envergadura me faz um grande favor porque a tendência de quando se tem o corpo
aramado de normal face às irrelevâncias costumeiras é relativizar, perdoar,
achar que não é bem assim e talvez virar a cara e a página.
Por ora, me quedarei neste
torpor do avesso, senão para assombrar o inimigo que não consegue mais me ver
de fato, mas talvez pela irrecusável diversão!
Um comentário:
Simplesmente bela!
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